Pedras no Caminho

A nossa jornada é composta por vários caminhos e trilhas, alguns são bem claros e retos, com o chão bem ladrilhado, cercado por flores ornamentais que dançam ao movimento da brisa e que se misturam entre pedras coloridas e cristais cintilantes que reluzem com o carinho dos raios solares; Outros por sua vez, são estreitos, ingremes e irregulares, com pedras escuras e pontiagudas, algumas tão grandes que parecem um outro caminho dentro do caminho, cercado por flores espinhentas que nascem da fresta da rocha. As pedras altas mal deixam que a luz do sol penetre o caminho. O vento que corre o corredor estreito é tão forte que a cada passo que se da para frente, parece que não se sai do lugar pois o vento contrário nos joga a um passo no sentido oposto.
Quando o momento de trilhar o caminho tortuoso chega, seja por escolha ou como missão para o nosso adiantamento espiritual, por vezes, a ansiedade toma conta e sofremos as dores inexistentes naquele momento, sentimos o espinho da erva que está no alto da colina como se estivesse cravado na garganta e no peito. Sentimos medo daquilo que criamos como verdade no íntimo e não do que realmente acontece e é.
Usamos o poder do "crêr" de forma equivocada; não que o caminho seja fácil, o caminho agora é o tortuoso , é o do vento forte e contrário, o das pedras numerosas... mas... se crermos que ele é mais tortuoso do que realmente é, assim ele se tornará... da mesma maneira, a crença no medo e na ansiedade que tomará conta sem mesmo antes de adentrar a trilha.

É preciso então, crer que o tortuoso é um leve sinuoso, que é difícil mas que carregamos na mochila as ferramentas e os suprimentos necessários, e o que não carregamos iremos encontrar nas palavras sábias e amigas faladas ao coração... é também indispensável , se lembrar de quem somos, lembrar que Deus atua no impossível e que se andamos seguindo seus ensinamentos não se encontra o medo durante a caminhada.
Confiar sempre, confiar que a trilha é necessária e deve ser caminhada passo após passo. Assim como ela tem um início, tem um fim, é a certeza que a cada passo que damos na direção certa, um passo a menos estamos do término.
Muitas vezes, essa é uma caminhada solitária e devemos aceitar se for assim, mas com a certeza que ao final dela, a solidão será apenas a lembrança da circunstância necessária daquele momento.
Durante a caminhada devemos tirar o maior proveito de tudo. Se aparecerem pedras pequenas, simplesmente role-as até que de tanto baterem nas outas se quebrem e assim se tornem leves o suficiente para que o vento as carregue.
As médias, que mesmo de tamanho modesto são pesadas o suficiente para não se conseguir move-las, deixe-as onde estão, faça de repouso para o corpo quando as pernas pedirem um descanso e de guia amparador para o próximo; escreva sobre força, motivação e ânimo, pinte lindas flores, direções, corações ou canções, deixe o caminho colorido e mais bonito! Descobrirá que caridade pura, o doar sem a espera da retribuição, é a chave para que o vento mude a direção e assim te ajude no avanço do caminho.
As pedras grandes devem ser escalas, aproveite essas oportunidades, apesar do esforço, da dor e do trabalho, para admirar, sem parar a jornada, o sol bem mais de perto, respire bem fundo e aqueça o coração, sinta ele transbordar de luz e olhe para frente, fite o horizonte e respire a esperança, veja o final da trilha, se não conseguir, pinte o final que deseja e passe a acreditar nele, mentalize ele dia e noite e na próxima subida verá que ele estará la no horizonte.
Persiste e segue, use as pedras para brincadeiras de criança se for preciso, ria, acredite e nunca pare de caminhar. Só assim chegará ao caminho da trilha colorida, florida e ensolarada.
Um amigo muito querido uma vez disse que o rio bonito e vivo nunca para de correr, que a água do rio quando para, empoça, e morre... água empoçada atrai bicho e também não encontra o mar, é então preciso correr como um rio e nunca parar até encontrar o mar.